“A presença do outro deve ser um encontro em humanidade”

“A presença do outro deve ser um encontro em humanidade”

Cardeal D. Arlindo Gomes Furtado apresentou a fraternidade como uma “oportunidade de testemunho” ao jeito de Jesus Cristo

Milhares de peregrinos encheram, esta noite, o Recinto de Oração para participar na Missa da vigília da Peregrinação Aniversária de Agosto, que foi presidida pelo bispo de Santiago, Cabo Verde. Perante uma assembleia composta por muitos peregrinos que participam na Peregrinação do Migrante e Refugiado, o cardeal D. Arlindo Gomes Furtado apresentou a fraternidade como uma “oportunidade de testemunho” ao jeito de Jesus Cristo.

Na homilia, o prelado cabo-verdiano começou por lembrar a 46ª Semana Nacional de Migrações, que hoje inicia, e apontou para o “olhar solícito da figura luminosa da Mãe do Céu” como lugar de aconchego e de uma “exaltante experiência de fraternidade humana em Cristo”, pela determinação e pela “presença amiga e constante, misericordiosa e libertadora”.

A partir do relato da primeira leitura, referindo-se ao alimento providenciado a Elias na sua permanência no deserto, a caminho do Monte Horeb, D. Arlindo Gomes Furtado estabeleceu um paralelo entre a experiência do profeta e a dos migrantes e refugiados, que encontram o seu sustento em Deus.

“O pão e a água, dons concedidos por Deus a Elias peregrino no deserto, são símbolos do Êxodo. O Deus do Êxodo é o mesmo da história do seu povo, que acompanha e cuida do seu profeta nos momentos difíceis da vida e do cumprimento da missão”, afirmou.

Num breve comentário ao Evangelho do dia, que apresentou Jesus como o “pão vivo” que dá a vida eterna, o presidente da Peregrinação deixou uma chave para a compreensão da promessa feita por Cristo, que “amplia o horizonte para além do aqui e do agora”.

“Quando Jesus Se nos apresenta como o Pão Vivo, Ele refere-se à totalidade da Sua Pessoa, a quem aderimos pela fé. Por isso, Ele nos alimenta quando O escutamos de todo o coração; quando a Ele elevamos as nossas orações de preces, de louvor, de ação de graças; quando seguimos os Seus passos, realizando na vida ‘tudo o que Ele nos ensina’, amando como Ele nos ama; quando, na Eucaristia, recebemos o Seu Corpo entregue e o Seu Sangue derramado por nós e pela vida do mundo.”

Com exemplos retirados da segunda leitura, o prelado indicou o “encontro em humanidade” como a conduta cristã ideal para os dias que correm, uma conduta alicerçada no acolhimento ao próximo e na fraternidade pela bondade, compaixão, perdão e caridade, assente na consciência da própria dignidade e no amparo e carinho de Deus.

“É assim que a presença do outro – de perto ou de longe, nacional ou estrangeiro, simpático ou antipático, crente ou não –, deve ser para um seguidor de Cristo um encontro em humanidade e uma oportunidade de testemunho de como é bom viver ao estilo de Jesus Cristo”, concluiu.

A Missa da Vigília foi concelebrada pelo cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo emérito de Leiria-Fátima; D. António Vitalino Dantas, bispo emérito e membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Augusto Traquina Maria, bispo de Santarém e presidente da Pastoral Social e Mobilidade Humana; e por 68 sacerdotes.

Inscreveram-se para esta peregrinação 23 grupos organizados provenientes de 20 países. Ao final da noite de hoje, os Servitas de Fátima registavam o atendimento de 135 peregrinos no Posto de Socorro e 180 peregrinos no Lava-pés.

Amanhã, o programa da Peregrinação inicia às 9h00, com a recitação do Rosário, na Capelinha das Aparições, seguida da Missa da Peregrinação Internacional Aniversária, às 10h00. A celebração Eucarística tem transmissão televisiva, em direto, na RTP1, na Ângelus TV e na TV Canção Nova, e pode também ser seguido na página do Santuário de Fátima.