A paz e a liberdade religiosa

A paz e a liberdade religiosa

A paz e a liberdade religiosa

Pelo padre José Nuno Silva

A visita do Papa Francisco a África, em fevereiro, chamou atenção para o que se passa neste continente manchado de sangue por tantos conflitos internacionais e internos em tantas nações. Na raiz de muitos destes conflitos encontram-se razões de extremismo religioso, que manifestam a perversão da religião quando esta se torna ideologia. Fatalmente conduz à violência e ao desrespeito pela dignidade humana.

A 27 de maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas e, no dia seguinte, mais 20, em dois ataques de jihadistas na região de Bourasso, no Burkina Faso. Grupos armados transnacionais destes terroristas afligem vários países do continente, perante a impotência, até mesmo a aparente falta de vontade das autoridades, em algumas situações, para controlar o fenómeno.

Reunida poucos dias antes destes incidentes, precisamente na capital do Burkina Fasso, a Conferência Episcopal Regional da África Ocidental pronunciara-se, pondo o dedo numa ferida que haveria de nos doer, a nós, também ocidentais, mas do hemisfério Norte: “Esta oração não se limita ao Burkina Faso. Vale também para a Nigéria, o Mali, o Níger e todos os outros países africanos escondidos dos refletores mediáticos, mas que sofrem por causa da violência”.

Só nos dói o que sabemos. E a verdade é que o sofrimento dos africanos raramente é notícia e, quando o é, não o é suficientemente. Não sabendo, não nos dói. E não nos doendo, não nos condoemos. E não agimos para ajudar à paz, em estreita conexão com a liberdade religiosa, no chamado continente da Esperança. Será que é mesmo para que não nos doa que é “escondido dos refletores mediáticos”?