12 de setembro, 2022
“A mensagem de Fátima é tão importante hoje e tão nova como há cem anos”, afirma bispo de Fall RiverPrelado presidiu à peregrinação internacional de agosto e é o convidado do podcast #fatimanoseculoXXI
Qualquer que seja a invocação de Nossa Senhora é sempre importante mas a de Fátima é porventura “a mais importante” afirma o bispo de Fall River, D. Edgar da Cunha, no podcast #fatimanoseculoXXI. “Na vida do cristão, o papel da Virgem Maria foi sempre um papel importante. Ela é a mediadora, a que trouxe Cristo ao mundo. Ela é a mãe de Jesus e a Nossa Mãe e qualquer que seja a sua invocação o que é importante é que Ela é sempre a que nos quer conduzir a Jesus. Mas, talvez, a invocação de Nossa Senhora de Fátima seja aquela que tem a dimensão mais Universal” afirma o prelado, que presidiu na Cova da Iria à peregrinação de agosto. “Estas aparições, que ocorreram em Fátima, são mais universais; a devoção encontra-se no mundo inteiro e isso demonstra a importância das aparições e da mensagem aqui deixada para o mundo inteiro” enfatiza. “A mensagem de Fátima é tão importante hoje, e tão nova, como há cem anos. A oração, a conversão... Embora o mundo seja diferente, as necessidades são iguais. Continuamos a precisar de rezar; continuamos a precisar de converter os nossos corações; precisamos de continuar a construir a paz, a justiça. Os anseios humanos de há cem anos estão tão evidentes como antigamente. Por isso, temos de continuar a promover e refletir sobre esta mensagem que o mundo precisa”, adianta ainda o prelado brasileiro, o primeiro a ser ordenado bispo nos Estados Unidos da América. “Nós precisamos de humanidade, isto é, respeito pela dignidade da pessoa” afirma o bispo ao analisar o momento atual do mundo e da Igreja. “Os problemas advém justamente de nós termos perdido o respeito por essa dignidade. Isso tem tradução prática na discriminação, no racismo, no machismo, na guerra, no convencimento de que podemos ser donos de coisas que não nos pertencem, isto é, reflete-se de várias maneiras e isto tem de ser corrigido. Por isso, o nosso grande desafio é fazer que com recuperamos esta dignidade humana e possibilitarmos que cada pessoa reassuma este direito”, afirma. E, exemplifica: “quando promovemos o aborto, a eutanásia estamos a fazer exatamente o contrário: estamos a dizer que essa pessoa, esse ser não tem valor, é descartável. Não é isto que Jesus diz; não é isto que Nossa Senhora nos diz”, destaca. “É preciso e urgente resgatar o valor da dignidade da pessoa; cada pessoa desde o momento da concepção à morte tem direito a ser respeitada”, frisa. E qual é o lugar da fé? “ Naturalmente que este caminho que urge retomar exige fé, porque se tiramos a fé da vida, tiramos Deus da nossa vida e ao tirarmos Deus da Nossa vida tiramos o valor do respeito e isto acaba por ser um círculo pouco virtuoso”, esclarece. “Uma coisa que me preocupa é a divisão ideológica do mundo, até na fé. E esta divisão causa um mal muito grande porque transforma o mundo numa espécie de universo maniqueísta em que cada grupo só considera o seu lado, desrespeitando o outro lado... tornam-se cegos”, evidencia. “O amor é cego mas também o fanatismo político é cego. E isso é muito perigoso: a cegueira de um fanático impede que veja o outro como igual e por isso a probabilidade de o desrespeitar é muito grande. O fanatismo político está a fazer um grande mal ao mundo. Se juntarmos a este problema o secularismo, que inundou as nossas sociedade, as duas coisas juntas impedem-nos de ter presente o sentido da verdade, da verdade objectiva porque a verdade e a opinião de cada um é que conta e geralmente só conta a opinião que é igual à nossa”, afirma. “Com a verdade em crise o mundo torna-se mais complicado” exigindo da Igreja uma outra determinação: “a missão da Igreja é continuar a divulgar a verdade de Cristo, que é o Evangelho. Não podemos parar de pregar, mesmo correndo riscos”. Quais? “Nós estamos a passar por um momento difícil no mundo e na Igreja, mas é também uma oportunidade de renovação; é na dificuldade que nos fortalecemos. A história da Igreja mostra-nos isso. É no sofrimento que encontramos Deus e a fé. Nos momentos em que tudo está bem dispensamos Deus e fracassamos”, constata. “A ciência e a tecnologia não respondem a todas as questões do homem. Temos de ter consciência disso”, afirma ainda. No podcast #fatimanoseculoXXI, que está disponível em www.fatima.pt/podcast e nas plataformas Itunes e Spotify, o bispo de Fall River fala da devoção do povo português a Nossa Senhora “que é enorme” tal como a sua, desde o berço onde nasceu, a Nova Fátima, uma cidade do Estado brasileiro da Bahia. Fala ainda do sínodo, “uma oportunidade para caminharmos juntos enquanto povo de Deus” e de uma “Igreja sofredora que procura anunciar a paz e a justiça para o mundo”.
|