12 de janeiro, 2023

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“A JMJ 2023 será um ponto de viragem na relação entre os jovens e a Igreja”

A afirmação é de Maria Amorim, psicóloga na Cáritas de Braga, 23 anos, e integra a equipa da Pastoral Universitária.

 

“Há pressa no ar...Acho que, nós jovens, temos uma ânsia diferente de ação, de fazer coisas; somos de facto uma geração diferente da dos nossos pais e da dos nossos avós. Nessa altura, as relações eram duradoiras, até no trabalho. Hoje, temos uma geração que não se prende, que trabalha no imediato e para o imediato e por isso Fátima faz muito sentido para nos focar no essencial” afirma Maria Amorim ao podcast #fatimanoseculoXXI de janeiro, que está disponível em www.fatima.pt/podcast e nas plataformas Spotify e Itunes.

Este é o primeiro de uma série de podcasts com jovens a partir do tema do ano pastoral em Fátima- Maria levantou-se e partiu apressadamente-, sintonizado com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá em lisboa de 1 a 6 de agosto e que trará a Fátima o Papa Francisco.

Que pressa é esta é a pergunta crucial deste podcast, à qual Maria Amorim responde assim: “É a pressa da mudança: de sermos parte de uma comunidade, de fazer algo e de sermos cada vez melhores. Os jovens, hoje como ontem, querem mudar o mundo, sobretudo o mundo do seu metro quadrado e queremos fazê-lo de forma rápida e queremos iniciar já o processo de mudança, sem esperar por outra oportunidade”.

“A Igreja convida-nos a fazer caminho e nós estamos aqui para o iniciar, o fazer e o concretizar” refere a jovem psicóloga da Cáritas de Braga que considera a JMJ como uma oportunidade.

“A JMJ 2023 será um ponto de viragem na relação entre os jovens e a Igreja” afirma, sublinhando a dimensão do “chamamento”.

“Por mais que nos tornemos ativos e participativos e sejamos agentes cristãos, este evento é de facto um momento tocante que fará com que os jovens se sintam chamados; é essencial percebermos que noutra zona do globo há uma pessoa que tem uma experiência de vida diferente mas que acredita e se compromete como eu, apenas porque há dois mil anos um Homem deu testemunho. Jesus é o grande pilar da nossa fé. É Ele que nos une e isso faz com que os que acreditamos nos sintamos interpelados a agir, isto é, a responder ao chamamento, que a JMJ ajudará a desbloquear”, afirma.

“A JMJ é o culminar de um processo que cada um constrói mas a peregrinação, nessa semana em particular, faz com que haja um chamamento, uma convicção de que o caminho é este” diz ainda, lembrando o `colóquio´ entre Nossa Senhora e os Pastorinhos.

“Estes dois jovens( Francisco e Jacinta Marto) são só mais dois jovens iguais a tantos outros e que espelham o que nós somos hoje: uns mais recolhidos outros mais extrovertidos, que tal como eles nos entregamos de forma livre. Este é o ponto” refere destacando que o diálogo entre eles e Nossa Senhora foi fundamental para “eles se entregarem”.

“O encontro com Jesus neste processo de preparação da JMJ é fundamental para cada descobrir qual é o seu caminho”.

“As duas imagens deles somos nós, com idades diferentes. Olhando para o passado, acho que o testemunho que nos deixaram é que foram duas crianças que não precisaram de respostas nem certezas para se comprometerem, deram o seu sim simplesmente crendo e confiando. Esse é o seu maior legado”, diz ainda.

E, da Mensagem, o que retêm os jovens?

“A nossa geração tem bastante dificuldade em desconstruir a palavra sacrifício” sobretudo no meio de “tantas distrações e tantas coisas que queremos ser e que ambicionamos que é difícil equacionar o lugar para a palavra sacrifício”. Mas, “o compromisso, existe, há um querer estar comprometido com uma causa, uma instituição e isto também é ser Igreja. Agora existem muitos compromissos e, por vezes, falhamos”. A conversão “ também faz sentido” porque “queremos ser sempre melhores”.

“Vivemos numa sociedade da abundância; associamos o sacrifício a algo que nos exige abdicar de alguma coisa e isso por vezes é difícil, mas os jovens são comprometidos podem é ter maneiras diferentes de expressar e viver a fé” sublinha Maria Amorim. E, exemplifica com a oração: “(A oração) tem um lugar maior na vida dos jovens do que aquilo que se imagina. Muitas vezes achamos que um jovem que não vai à missa não reza e isso não é necessariamente verdade. A oração é um exercício interior, que cada um faz como considera adequado à suas necessidades... Um jovem que todos os dias, à saída do trabalho passa por uma Igreja e reza durante 10 minutos, não tem menos fé. Se calhar precisa é de desenvolver um sentido de pertença a uma comunidade”, refere, por outro lado.

“A doutrina que fomos recebendo não é suficiente para manter um jovem ativo e participativo numa comunidade cristã;  a experiência é fundamental; a fé fé não se alimenta de estruturas e de edifícios, mas de experiências e de questões”.

“Os jovens anseiam por respostas pois somos uma geração ligada à questão racional. E, na fé, muitas vezes encontramos mais questões do que respostas. A fé para um jovem não é nem pode ser algo abstracto” afirma desafiando as comunidades cristãs a encontrar outros caminhos para o testemunho.

 

 

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