01 de novembro, 2023
“A guerra é contrária às bem-aventuranças”- padre Carlos CabecinhasNa Solenidade de Todos os Santos, as populações que sofrem por causa das guerras foram lembradas em Fátima, na Missa, na Basílica da Santíssima Trindade
O reitor do santuário de Fátima afirmou esta manhã que quem faz a guerra está longe do itinerário das bem-aventuranças e, por isso, longe do caminho de santidade a que todos os cristãos são chamados pelo batismo. No inicio da Missa na Basílica da Santíssima Trindade, lugar que a partir de hoje, com a entrada em vigor do horário de Inverno no programa oficial do Santuário, acolherá a Missa das 11h00 aos domingos e dias santos, o responsável pelo Santuário de Fátima recordou o “cortejo das vítimas” das guerras que assolam o mundo, em especial na terra de Jesus, onde Ele proclamou as bem aventuranças de forma clara e que constituem um itinerário de Santidade. “Neste dia feliz não podemos deixar de atender às circunstâncias atuais da Igreja e do mundo e por isso temos bem presente os conflitos que afectam tantas zonas do mundo, mas especialmente o que está a acontecer na terra de Jesus onde há um enorme cortejo de vítimas, mas também na Ucrânia e em tantas outras latitudes” começou por dizer o padre Carlos Cabecinhas. “Pedimos a Jesus que é o príncipe da paz que traga paz a estes lugares” disse ainda convocando os presentes a serem construtores “permanentes” de paz. “A guerra é contrária às bem-aventuranças” disse já na homilia que proferiu a partir da liturgia proclamada nesta Solenidade de Todos os Santos. “Ser santo é viver a pobreza em espírito, isto é, reconhecer a radical dependência de Deus, como Jesus Cristo. Ser santo é ser humilde como Cristo; é ser justo e procurar promover a justiça como Cristo; é usar de misericórdia e compreensão diante das fragilidades dos outros; é ser puro de coração à imagem de Cristo; é construir a paz à nossa volta... essa paz sempre tão necessária e hoje tão urgente”, afirmou. “Esta celebração apresenta-nos, em cada ano, a santidade como horizonte da nossa vida, como algo a que devemos desejar para nós” salientou lembrando que “Os santos não são apenas aqueles que foram beatificados ou canonizados: são essa multidão incontável, constituída também pelos santos `ao pé da porta´, como lhes chama o Papa Francisco: aqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”. “Os santos são aqueles que souberam confiar as suas vidas a Deus; aqueles que, mesmo no meio das dificuldades, procuraram sempre em Deus a sua força, confiaram na Sua presença e Lhe entregaram a vida. Este é o caminho que somos desafiados a seguir, confiando-nos nas mãos de Deus e oferecendo-Lhe a nossa vida” disse ainda destacando o exemplo dos santos pastorinhos, Francisco e Jacinta Marto. A este propósito recordou que a mensagem de Fátima exorta à santidade não só pelo primado de Deus no seu âmago mas pelos seus protagonistas. “A santidade é co-natural a Fátima também nos protagonistas, os santos Pastorinhos: neles encontramos não apenas o enorme desejo de serem santos, mas igualmente o esforço diário por serem humildes, justos, misericordiosos, pacíficos, puros de coração... como Jesus Cristo. Quando olhamos para as suas breves vidas encontramos a encarnação das Bem-Aventuranças”, enfatizou. “Assim, celebrar esta Solenidade de Todos os Santos aqui, em Fátima, é convite a darmos graças a Deus por tantos frutos de santidade que têm brotado do acolhimento da mensagem de Fátima; é convite a deixarmo-nos guiar, nesta “escola de santidade”, que tem Nossa Senhora por Mestra; é desafio a seguirmos o exemplo dos Santos Pastorinhos no desejo de santidade”, concluiu. Nesta solenidade, a Igreja exulta pela glória e honra de todos os Santos, que contemplam eternamente o rosto de Deus e vivem plenamente a sua visão beatífica. A origem desta festa da esperança, objetivo da vida cristã, tem raízes antigas. No século IV, teve início a comemoração dos fiéis mártires. Os primeiros sinais desta celebração encontramos em Antioquia, no domingo após o dia de Pentecostes, sobre os quais fala São João Crisóstomo. Entre os séculos VIII e IX, esta festa começou espalhar-se pela Europa e em Roma, onde o Papa Gregório III (731-741) escolheu o dia 1º de novembro como a data que coincidia com a consagração de uma capela, na Basílica de São Pedro, dedicada às relíquias "dos santos Apóstolos e de todos os Santos mártires e confessores, e a todos os justos, que descansam em paz no mundo". Esta tarde, em Fátima, os peregrinos são, ainda, convidados a participar na Oração de Vésperas, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima às 17h30. A partir de hoje, 1 de novembro, entra em vigor o horário de inverno no Santuário de Fátima, com alterações que se estenderão até à Páscoa. As principais alterações prendem-se com o local e os horários de determinadas celebrações.
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