12 de maio, 2021
“A força de Fátima é algo que, neste tempo de pandemia, precisamos de redescobrir”Para experimentar a dimensão espiritual de Deus que a peregrinação oferece, o cardeal Tolentino Mendonça chegou a pé à Cova da Iria, onde vai presidir às celebrações de 12 e 13 de Maio.
Na habitual conferência de imprensa que reúne os interlocutores de cada Peregrinação com os jornalistas, o cardeal D. José Tolentino Mendonça sublinhou a importância dos Santuários como lugares de encontro com a dimensão espiritual e com Deus, num âmbito que considerou essencial para a reconstrução do mundo no pós-pandemia. No encontro, onde também estiveram presentes o bispo de Leiria-Fátima e o reitor do Santuário de Fátima, D. José Tolentino Mendonça começou por agradecer o convite que lhe foi formulado para presidir à Peregrinação Internacional Aniversária de Maio, afirmando a sua ligação e proximidade a Fátima. “Como português e católico, Fátima tem um significado profundo, que me deixa cheio de alegria poder participar com todos os peregrinos nestas jornadas intensas de oração e espiritualidade”, disse o atual arquivista do Arquivo Apostólico do Vaticano e Bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, ao revelar ter cumprido, ele próprio, esta manhã, parte do caminho a pé até à Cova da Iria. Ao sublinhar o “papel fundamental que os Santuários desempenham” no mundo atual, o presidente da Peregrinação perspetivou Fátima como lugar onde simultaneamente se “faz uma síntese entre a religiosidade tradicional e a modernidade, por ser, para muitos, o lugar de um primeiro contacto com a fé cristã e com a experiência da peregrinação”. “Mesmo num período de pandemia, os peregrinos abrem o seu coração à experiência espiritual da peregrinação e de Deus. Fátima oferece essa possibilidade de encontro porque é uma grande praça que não tem portas e onde todos podem entrar. Essa força de Fátima é algo que, neste tempo de pandemia, precisamos de redescobrir”, disse o prelado. A esta Peregrinação, o cardeal português trará uma reflexão sobre os desafios gerados pelo “dificílimo percurso que o mundo está a viver” e que, no seu entender, deve permitir “repensar os instrumentos de reconstrução de um mundo que vive uma crise poliédrica”, num processo onde é preciso “salvaguardar a esperança” a partir do foco na “dimensão espiritualidade”. “A dimensão espiritual é uma dimensão chave de reconstrução. Por isso, Fátima, a Igreja, as religiões são aliadas do reencontro do Homem com a esperança”, sublinhou. “A pandemia pode chegar e ir embora sem modificar o nosso coração… E toda esta dor pode ter servido para pouco. É preciso que possamos partir deste momento para sociedades e modelos de vida eticamente qualificados, mais humanos, fraternos e espirituais”, perspetivou o prelado, considerando o “património de perguntas” que deriva do existencialismo humano como “uma dádiva que devemos colocar no alforge como bússola para o futuro que aí vem”, concluiu o presidente da Peregrinação Internacional Aniversária de Maio.
Cardeal D. António Marto elogia comportamento dos peregrinos de Fátima e dos católicos portugueses durante a pandemiaSobre a atual realidade pandémica, o cardeal D. António Marto começou por se congratular com “a luz ao fundo do túnel” que representa o facto de se “estar a caminhar a passos largos para a imunidade de grupo”. Sobre o processo de vacinação em curso, o cardeal português reiterou a importância de um acesso generalizado à vacina, que, disse, “deveria considerar-se um bem comum universal”, com o cuidado desta não se “transformar numa arma geopolítica”. Considerando a crise sanitária e as limitações que esta impõe na vida das pessoas, o prelado agradeceu o “comportamento exemplar dos peregrinos de Fátima” e sublinhou o “cuidado dos cristãos na celebração da sua fé, numa atitude que elogiou como“um grande contributo para o controlo da pandemia”. A propósito das consequências provocadas pela pandemia na vida da Igreja em Portugal, com o encerramento dos espaços de culto, o bispo de Leiria-Fátima afirmou a resiliência da Igreja, que “continuou a alimentar os seus fiéis através da oração, da Palavra, das celebrações transmitidas e a assistir os pobres e mais necessitados através de redes de solidariedade”. “Neste momento histórico, o amor fraterno deve fazer a diferença na nossa vida e na caminhada das nossas comunidades, manifestando-o através da entreajuda e do cuidado recíproco”, firmou o prelado. Estendendo a análise à crise económica e social subjacente à crise sanitária gerada pela pandemia, o cardeal D. António Marto advertiu para a “exigência de se ter uma atenção própria, que respeite a dignidade das pessoas e o direito a um trabalho digno”, lembrando o apelo recente do Papa Francisco para a promoção de uma nova uma regulamentação financeira mais justa, inclusiva e sustentável. Na sua intervenção, o bispo de Leiria Fátima lembrou ainda a comemoração do 40º aniversário do atentado à vida do Papa São João Paulo II e o 75º aniversário da coroação da Imagem de Nossa Senhora, venerada na Capelinha das Aparições, lembrando, a prepósito desta efeméride, a insistência “profética” do Papa Pio XII em que a Imagem fosse coroada com o título de Rainha da Paz e do mundo, “sublinhando o núcleo central e a dimensão universal da Mensagem de Fátima”. "Não faria sentido nenhum vir a Portugal sem ir a Fátima" Sobre o desejo do Papa Francisco em vir a Fátima, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2023, em Lisboa, revelado pelo próprio ao bispo de Leiria-Fátima, durante uma audiência privada, o cardeal D. António Marto deu a conhecer aos jornalistas a “convicção profunda” que o Sumo Pontífice lhe manifestou neste visita. “O Santo Padre disse-me textualmente que não faria sentido nenhum vir a Portugal sem ir a Fátima… Fátima é a alma de Portugal, disse-me”, contou o prelado, ao deduzir esta manifestação pontifícia como “um sinal de grande esperança, pelo que significa esta vontade do Papa em se fazer novamente peregrino, na Cova da Iria, mas também pela oportunidade que pode representar para a economia local, que tem sentido fortemente o impacto desta crise”. “A vinda do Papa enfatiza a importância deste lugar, da mensagem de Fátima; renova a ligação forte entre o Papa Francisco e Fátima; e sublinha a importância de Fátima para a juventude, o que implica o compromisso do Santuário na preparação e acompanhamento da Jornada Mundial da Juventude.”
Santuário de Fátima atento à fragilidade humana neste tempo de pandemiaNa sua intervenção, o reitor do Santuário de Fátima afirmou a intenção do Santuário de Fátima de, à luz do tema pastoral definido para este ano, dedicar, através de ações concretas, “especial atenção à questão da fragilidade humana, à luz da fé cristã e da mensagem de Fátima”. “O Santuário de Fátima pretende, cada vez mais, configurar o estilo, as propostas pastorais e as estruturas do Santuário como lugar de acolhimento dos peregrinos em situação de fragilidade ou sofrimento. (…) Neste contexto, desejamos retomar, assim que a situação pandémica o permita, as atividades com doentes e com idosos: os mais frágeis e que maior atenção nos merecem. Os doentes e os idosos tiveram sempre um lugar muito especial no Santuário de Fátima e estamos a preparamo-nos para os voltar a acolher com segurança, assim que haja condições. (…) Durante este ano, teremos condições para avançar com um centro de escuta e de atendimento, para aquelas pessoas que precisam de apoio espiritual para enfrentarem as situações da vida”, na anunciou o padre Carlos Cabecinhas. Porque o ano pastoral abarca um triénio temático que tem como horizonte a realização das Jornadas Mundiais da Juventude, em 2023, o reitor do Santuário de Fátima sublinhou de igual modo a atenção aos jovens, “que se contam também entre os mais frágeis, não já por motivos de saúde, mas de condições sociais e, tantas vezes, de falta de horizontes e de esperança”. Ao lembrar as consequências sociais geradas pelo agravamento da situação económica, o padre Carlos Cabecinhas deu a revelou “o aumento exponencial, a partir de meados de 2020, da procura de ajuda junto do Serviço de Ação Social do Santuário”, pedidos aos quais a instituição tem respondido através de: apoios à saúde (consultas, medicação, ajudas técnicas, etc.); distribuição de alimentos, vestuário, roupa de casa e calçado; e na ajuda no pagamento da renda de casa/quarto, faturas de água, eletricidade e gás e documentação de legalização junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O padre Carlos Cabecinhas terminou a sua intervenção lembrando a participação do Santuário de Fátima na maratona de oração pelo fim da pandemia que o Papa Francisco lançou a 30 santuários de todo o mundo para o mês de maio e que, na Cova da Iria, se concretiza amanhã, às 17h00, na Capelinha das Aparições, com a a recitação do Rosário sob a presidência do cardeal D. António Marto. |