02 de junho, 2022

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“A figuração da Virgem e dos videntes era importante para a afirmação do acontecimento de Fátima”, afirma Marco Daniel Duarte

Os rostos dos Pastorinhos de Fátima na fotografia e na arte foram o tema da segunda visita temática à exposição “Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual”, orientada pelo Diretor do Museu e Comissário da exposição temporária

 

Os primeiros retratos dos três videntes, de julho de 1917, vão fixar os rotos dos pastorinhos- Lúcia, Francisco e Jacinta Marto-, numa primeira fase até à sua beatificação, e as reproduções feitas posteriormente, em foto ou pintura, foram acrescentando detalhes que revelam uma  intencionalidade que sublinhava a importância do fenómeno de Fátima, afirmou esta noite o diretor do Museu do Santuário de Fátima na reflexão que fez na segunda visita temática à exposição temporária “Os Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual”.

“A figuração da Virgem e dos videntes era importante para a afirmação do acontecimento de Fátima”, afirmou Marco Daniel Duarte.

A expressão dos rostos, a presença de velas, o terço na mão e os trajes típicos da sua atividade, como pastores, revelam uma intencionalidade na figuração dos três videntes , integrando-os num determinado ambiente mas conferindo-lhes, ao mesmo tempo, elementos que os transportam para um acontecimento relevante.

Esta figuração haveria de ser trabalhada ao longo dos anos, sobretudo em pinturas e a partir de 2000, data da sua beatificação, a sua figuração haveria de sofrer uma alteração. Em 2017, esta figuração foi novamente alterada, integrando na sua narrativa os elementos que melhor os descrevem a partir dos relatos de Lúcia.

A vidente, cujo processo de canonização se encontra em estudo na Causa dos Santos, depois de ter sido completada a fase diocesana, ainda não tem a sua figuração fixada.

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Marco Daniel Duarte, que proferiu esta noite a reflexão sobre  os rostos dos Pastorinhos na fotografia e na arte, é o diretor do Museu do Santuário de Fátima e, na instituição dirige também o Departamento de Estudos. É doutorado em História de Arte, com um estudo aprofundado desta primeira escultura da Senhora do Rosário de Fátima que se venera na Capelinha das Aparições e cujo centenário é assinalado este ano e autor de várias publicações sobre a temática de Fátima.

Neste espaço museológico constam peças de coleções particulares e institucionais, cedidas para a ocasião e apresenta peças do Museu do Santuário de Fátima, nomeadamente da sua exposição permanente, como é o caso da coroa preciosa de Nossa Senhora de Fátima.

A exposição “Rostos de Fátima: fisionomias de uma paisagem espiritual” já foi vista por 121.303 visitantes e acaba de receber o prémio Exposição temporária da Associação Portuguesa de Museologia.

Estão ainda previstas mais quatro visitas: a 6 de julho com o tema "O rosto de Cristo cantado pela Verónica e por outros cantos da tradição popular", pelo Rancho Folclórico da Casa do Povo do Paul, Covilhã; a 3 de agosto com o tema "Voz da Fátima, rosto do Santuário da Cova da Iria", por Carmo Rodeia; a 7 de setembro, com o tema "A Virgem Peregrina, rosto de Fátima no mundo", por Sónia Vazão; e a 5 de outubro, com o tema "Museologia, rosto da relação com o sagrado", por Maria Isabel Roque.

Nesta exposição, os visitantes poderão percorrer, até 15 de outubro de 2022, a história de Fátima pelos vários rostos que a fizeram, num percurso que, num tempo de pandemia, que convoca toda a humanidade a refletir sobre a sua própria condição, apresenta o tema da morte e da vida como momentos luminosos da peregrinação do Homem no mundo.

A exposição está dividida em duas partes. Num primeiro momento, que percorre o primeiro século de Fátima, dão-se a conhecer os rostos relevantes da história da Cova da Iria, a começar pelos três Videntes, passando pelos impulsionadores, administradores, investigadores e até os adversários de Fátima, que assumiram dúvidas e militâncias em relação ao acontecimento da Cova da Iria. A primeira parte da exposição tem ainda um núcleo dedicado à fisionomia artística, onde estão expostas obras daqueles que olharam para Fátima no último século e termina com uma galeria fotográfica dos protagonistas de Fátima: os próprios peregrinos, onde são também apresentados os objetos oferecidos pelos Papas ao Santuário, nomeadamente as rosas de ouro e o anel de São João Paulo II.

A segunda parte propõe um percurso orante e centrado na fé pelas “fisionomias espirituais”, desafiando o visitante a interpelar-se sobre a sua condição humana, numa espécie de jogo de espelhos que confronta a realidade concreta que vivemos com o desejo relacional com a transcendência. Neste momento, menos factual e mais contemplativo, são mostrados os “rostos que Fátima apresenta aos rostos que a visitam”, a começar pelo próprio Deus, que a mostra tenta traduzir através das formas plásticas expostas que retratam Cristo e a Trindade.

A exposição culmina com uma reflexão sobre a condição humana na perspetiva da fé, num diálogo entre a arte antiga e contemporânea que levanta várias interrogações sobre a fragilidade humana. No final, depois de apresentados os rostos de Maria em Fátima, nomeadamente através da exposição da própria coroa da Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, uma tapeçaria apresenta Cristo como dono da História, numa epifania que é legendada com um excerto da última encíclica “Fratelli tutti”, onde o Papa Francisco perspetiva o tempo atual como redentor para uma humanidade mais fraterna.

A entrada é livre, com visitas guiadas pela equipa do Museu, diariamente.

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