A alegria é “um elemento intrínseco” da vida de um cristão
Professor Alexandre Palma profere terceira conferência integrada no ciclo proposto pelo Santuário de Fátima para este ano temático
O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa disse hoje em Fátima, na terceira conferência do ciclo promovido pelo Santuário para este ano temático- “Eu vim para que tenham vida”- que a Alegria é um “imperativo” e um “indicativo” da vida cristã.
A conferência do Pe Alexandre Palma, intitulada “Alegrai-vos no Senhor”, que decorreu na Casa de Nossa Senhora das Dores, partiu da Carta de São Paulo aos Filipenses e abordou cinco questões: a alegria como um imperativo cristão; a alegria como um indicativo cristão; a alegria como paradoxo humano; a alegria localizada em Cristo e finalmente seis considerações sobre os fundamentos teológicos da alegria.
O conferencista, padre do patriarcado de Lisboa, sublinhou a importância da alegria na vida dos cristãos a partir dos sentimentos e das virtudes de Cristo.
O professor de teologia destacou o carácter imperativo que a palavra assume em vários textos da vida cristã, “quase como uma espécie de mandamento e de exortação”, à semelhança do mandamento do Amor. Uma situação que decorre da própria vida de Cristo.
“A alegria é um indicativo da vida cristã porque descreve e caracteriza aquilo que foi a vida De Jesus e, por isso, é algo intrínseco”, afirmou o Pe Alexandre Palma, relembrando vários textos bíblicos, a começar pela parábolas onde a Alegria aparece sempre como uma característica da vida de Cristo. E por isso, deve ser uma constante da vida dos cristãos, embora reconheça, citando o Papa Francisco, que há “cristãos que nunca viveram a Páscoa”.
No entanto, alertou, a alegria é experimentada pela condição humana independentemente da cultura, da geografia ou da religião.
“É uma experiência humana universal e o discurso cristão sobre a alegria não pode ser angélico porque se há matéria que exprime a radicalidade da encarnação é justamente a alegria”, afirmou ainda o sacerdote.
Apesar de ser uma “experiência corpórea” inerente à condição humana há “diferentes categorias de alegria”- umas mais superficiais que outras- e é nesta distinção que os cristãos se devem concentrar, na medida em que a “sua alegria” deve “concentrar-se no Senhor”.
“Aqui está a resposta ao tal imperativo da alegria- Alegrai-vos no Senhor”, referiu o professor de teologia exortando os cristãos a “não oscilarem na sua alegria”.
“Sempre que nos alegrarmos no sitio e pelas razões certas estaremos sempre alegres e esta alegria só a conseguimos alcançar centrando-a em Jesus”, afirmou.
“O problema da nossa alegria, enquanto cristãos, é coloca-la noutras questões- o ter , o parecer, o ambicionar, entre muitas outras- em vez de percebermos que a nossa alegria completa é Deus”, concluiu o sacerdote lembrando que na alegria “há como que uma hierarquia em que Deus é o vértice”.
O professor de teologia finalizou a sua conferência sublinhando alguns aspetos que fundamentam uma “teologia da alegria” – Cristo como o horizonte da alegria cristã e o seu Corpo como espaço dessa alegria- e terminou com a leitura de uma passagem de Santo Agostinho lembrando que o “nosso encontro final com Deus é a visão mais alegre de todas as visões”.
O professor Alexandre Palma realizou a terceira conferência de um ciclo de conferências promovido pelo Santuário de Fátima para aprofundar o tema pastoral do ano.
A primeira conferência realizou-se dia 13 de dezembro e teve como orador o diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, João Duarte Lourenço, que apresentou o tema “O meu espírito alegra-se em Deus, meu Salvador”, numa reflexão a partir do Magnificat. A segunda comunicação teve lugar no passado dia 11 de janeiro pelo teólogo Pedro Valinho Gomes com o título “Em vós está a fonte da vida” e cujo ponto de partida foi a parábola de Jeremias- Jr 2,13-, em que o povo abandona as nascentes de águas vivas para construir cisternas rotas.
Estas conferências são abertas ao público em geral e a próxima realiza-se no dia 13 de março e terá como orador o professor José Manuel Pereira de Almeida com o tema “Alegremo-nos e façamos festa”
CR
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