9.ª Edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima, em julho de 2024, vai ter como temática Lúcia de Jesus

9.ª Edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima, em julho de 2024, vai ter como temática Lúcia de Jesus

Diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima fez o anúncio no encerramento do curso

A 9.ª edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima, está agendada para os dias 3, 4 e 5 de julho de 2024 vai ter como temática Lúcia de Jesus “olhando para ela desde a criança anonima, até ao caminho em que se tornou a figura maior do catolicismo em Portugal”.

Marco Daniel Duarte, Diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima fez o anúncio no encerramento da 8.ª Edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima, ao final desta tarde. Recorde-se que D. Virgílio Antunes, bispo da Diocese de Coimbra, vai ler publicamente pela primeira vez, no dia 13 de julho em Fátima, o decreto que proclama as "virtudes heroicas" da Irmã Lúcia de Jesus, cuja promulgação foi autorizada pelo Papa Francisco no passado dia 22 de junho.

Em declarações à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, considera que esta edição dos Cursos de Verão, “cumpriu os propósitos que estão atribuídos a esta iniciativa, que é juntar investigadores e outras pessoas que tenham interesse pelas temáticas de Fátima, este ano especificamente sobre a temática da peregrinação, e perceber de uma forma aprofundada aquilo que são as diferentes maneiras de olhar para o peregrino de Fátima”.

“Na verdade, quando dizemos a peregrinação a Fátima, parece-nos uma realidade monolítica, mas é uma realidade que deve ser vista através das diferentes áreas do saber, que foi isso que aqui também tentamos montar”, a partir da história, da psicologia, da sociologia, da psicologia, da antropologia, da arte, da literatura, e “percebermos inclusivamente as raízes medievais do fenómeno da peregrinação, e perceber de que forma este fenómeno pode evoluir em relação ao futuro”.

Para o Diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, uma das conclusões “que ficou muito clara, é que é necessário promover novos estudos, em ordem à perceção desta realidade que é tão poliédrica, e pode estar já a alterar relativamente a outros conhecimentos que nós já temos do passado”.

“O primeiro século de Fátima pode-nos dizer que a peregrinação é de uma determinada forma, mas o segundo século de Fátima, pode trazer novidades relativamente ao fenómeno da peregrinação”, acrescentou.

“É preciso perceber qual é o peregrino de Fátima, perceber quem são, se continuam a vir da mesma maneira, se têm as mesmas motivações, se continuam a vir em grupo ou de forma isolada, em que tipo de ações participam, que interesses têm, se aliam interesses religiosos a interesses culturais, se durante o caminho têm outro tipo de interesses que não os religiosos, entre outros”, reiterou Marco Daniel Duarte, considerando ainda que é “fundamental que os investigadores das diferentes áreas do saber se possam juntar, e vamos tentar perceber ao nível do Departamento de Estudos como é que isto pode ser feito”.

A peregrinação a Fátima, “é uma das mais belas imagens da humanidade, é uma das mais belas metáforas do caminhar humano”.

“Podemos olhar para a peregrinação a Fátima a pé como imagem de todo o peregrino, como metáfora da própria vida humana, pelo começo e pela finitude”, lembrou ainda, explicando que a palavra peregrino é um substantivo singular, “mas contém em si uma noção de coletividade, porque um peregrino nunca caminha só mesmo que venha sozinho”.

Esta ideia de refletir sobre a peregrinação em ano de Jornada Mundial da Juventude, “foi pensada, pois é um evento que tem dentro de si, o fenómeno da peregrinação, pois os próprios jovens que integram a JMJ são considerados peregrinos, são peregrinos com o Papa, com quem se querem encontrar, que num determinado lugar procuram encontrar o horizonte Maior, sabendo que há uma transcendência que a peregrinação pode alcançar”.

Esta reflexão “é obviamente teórica, com base nos instrumentos de cada ciência que aqui está aplicada, mas é uma reflexão com consequências práticas, uma vez que parte de um objeto de estudo, que é claramente visível, e que tem relação com o mundo”.

“Esse mundo não é o lugar de destino, neste caso o Santuário que tem de estar atento à forma daqueles que aqui chegam para melhorar o acolhimento e para melhor poder proporcionar a experiência do religioso, bem como a especificidade da mensagem, e depois o próprio percurso que têm de ser equacionados, não só a nível nacional, mas também a nível internacional”, disse Marco Daniel Duarte, referindo o exemplo de Santiago de Compostela, “que muitos dos seus peregrinos são peregrinos de Fátima e vice-versa”.

A formação começou na passada quarta-feira, 5 de julho, com a sessão de abertura pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, em conjunto com Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima e coordenador do curso.

O sacerdote disse que a “o peregrino tornou-se metáfora da vivencia da fé nas nossas sociedades”, e a peregrinação “não é um fenómeno periférico, mas alcança as periferias, e torna-se particularmente importante no contexto da nova evangelização”.

Fátima “tornou-se o maior centro de peregrinação a nível nacional, mas também significativo a nível mundial atraindo peregrinos de todos os continentes”.

Neste primeiro dia, o programa formativo foi inaugurado pelo bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, que irá apresentar o tema “A Peregrinação na Bíblia”.

A manhã findou com o Pe. Carlos Cabecinhas, que abordou “A peregrinação nos documentos da Igreja”.

Durante a tarde do primeiro dia, Maria José Azevedo Santos, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra abordou o tema “Peregrinar na Idade Média: as práticas de alguns peregrinos que os documentos deixam conhecer”, e Maria Isabel Roque, da Universidade Católica Portuguesa falou sobre “Viagem, peregrinação e turismo: similitudes e distinções”.

O dia formativo terminou com uma visita de estudo aos espaços da vivência da peregrinação dentro do Santuário de Fátima por Marco Daniel Duarte, e com a visita temática à Exposição Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória.

Maria da Graça Poças Santos, do Instituto Politécnico de Leiria, traçou esta um perfil do Peregrino de Fátima na primeira aula do segundo dia dos Cursos de Verão, edição de 2023.

A investigadora indicou que segundo dados do seu estudo o visitante de Fátima, é maioritariamente do sexo feminino (54,4%), e com uma média de idades na ordem dos 50 anos. A maioria dos visitantes são casados, 64,1% e faz-se acompanhar por membros da família (71,5%).

Seguiu-se um momento formativo da responsabilidade de Lisete S. M. Mónico, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, e que falou sobre “Religiosidade & otimismo: estudo psicossociológico dos peregrinos ao Santuário de Fátima”.

Ainda no segundo dia de Curso, Agripina Vieira, do Centro de Formação “Os Templários”, abordou “A imagem dos peregrinos de Fátima na literatura portuguesa”. O jornalista Joaquim Franco, falou sobre “A cobertura mediática da peregrinação a Fátima”.

O dia findou com uma visita de estudo aos espaços da vivência da peregrinação dentro do Santuário de Fátima, Basílica da Santíssima Trindade, Capela do Santíssimo Sacramento e Capela da Reconciliação.

O terceiro e último dia da 8.ª Edição dos Cursos de Verão do Santuário de Fátima começou com uma aula sobre “A iconografia do peregrino de Fátima”, por Marco Daniel Duarte.

O historiador considera que na arte são visíveis “tiques caracterizados que sintetizam os traços dos peregrinos”

Os peregrinos de Fátima vêm maioritariamente em grupo, e “sendo um fenómeno do século XX, a fotografia foi essencial”.

Os peregrinos foram ainda expressos na pintura, escultura, teatro, cinema, literatura e nos média, uma vez que “Fátima tem uma relação com o mundo contemporâneo”. Em seguida os formandos puderam conhecer melhor “Os Caminhos de Fátima: itinerários religiosos e culturais”, com Maria Calado, do Centro Nacional de Cultura.

Em seguida Sónia Vazão, do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, falou sobre “A Virgem Peregrina de Fátima”. A parte letiva do curso terminou com a aula “A peregrinação a Fátima: poética imagem do homo Viator”, por Marco Daniel Duarte.

Os Cursos de Verão do Santuário de Fátima têm sido promovidos anualmente pelo Departamento de Estudos do Santuário de Fátima a pensar nos investigadores que pretendem estudar o fenómeno de Fátima. Esta edição contou com cerca de 80 formandos, oriundos de Portugal e Espanha.