11 de janeiro, 2024

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3.ª Edição do Descodificar Fátima junta duas centenas de participantes oriundos de Portugal, Brasil, Colômbia, Estados Unidos da América, Itália, Japão, Panamá, Polónia, Porto Rico, República Checa e Suíça

Iniciativa começou ontem e estende-se pelas próximas três semanas

 

O Santuário de Fátima, através do seu Departamento de Estudos, dinamiza durante o janeiro, a terceira edição do seminário online Descodificar Fátima.  Esta iniciativa pretende apresentar alguns temas que constituem o fenómeno de Fátima, perspetivando-o como um dos mais importantes acontecimentos religiosos da contemporaneidade.

Na sessão inaugural, ontem à noite, o reitor do Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas, falou sobre “As icónicas procissões do Santuário de Fátima: sobre a luz, sobre o silêncio, sobre o adeus”. Ainda na primeira sessão, o diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima (DESF), Marco Daniel Duarte, deu a conhecer a “Capelinha das Aparições: do interior ao alargamento do espaço”.

O padre Carlos Cabecinhas falou de forma simples sobre a Procissão das Velas, a Procissão do Silêncio e a Procissão do Adeus, dando como chaves de leitura para perceção desta temática a luz, o silêncio e o adeus. “Procissão significa caminhar em comum, com um contexto celebrativo”, e esta ação remete para a condição peregrina da pessoa humana. Em Fátima a procissão é uma “ação litúrgica, mas é também ato de veneração da Imagem de Nossa Senhora”, e é nestes momentos que

“As procissões são a imagem mais expressiva da veneração a Nossa Senhora de Fátima, pois a procissão permite a proximidade da Imagem aos peregrinos”, observa o sacerdote que abordou ainda a Procissão das Velas e do Adeus, enquanto “imagem de marca da paisagem celebrativa de Fátima”, pois são atos contínuos que “chamam a atenção para Fátima como lugar de fé com uma vivencia única no mundo”.

Em virtude da crescente presença de peregrinos, ao longo de todo o ano, a procissão das velas faz-se diariamente, da Páscoa ao início do Advento e, a partir daí, aos sábados. “Esta procissão remete os peregrinos para o tema da luz, elemento comum que une todas as aparições de Fátima, enquanto expressão da presença divina por excelência”, afirmou o sacerdote.

O reitor do Santuário de Fátima contextualizou as procissões, explicando que inicialmente estas cingiam-se aos dias 13, e em 1925 as procissões deixaram se ser da Igreja paroquial até à Cova da Iria e passaram a ser dentro do Recinto de Oração do Santuário, ressalvando que nesta altura a configuração do próprio espaço seria outra.

“Entre 1925 e 1927 estruturam-se a procissão das velas e do adeus, e só nos inícios dos anos 80 nasceu a procissão do silêncio”, acrescentou.  A Procissão das Velas inspirou-se no Santuário de Lourdes, em França, “onde esta manifestação é prática comum e identifica o próprio santuário”. “Em Fátima muito depressa os peregrinos começaram a trazer as suas velas para acompanhar as celebrações na Cova da Iria e rapidamente a procissão das velas tornou-se prática comum neste lugar”, disse o padre Carlos Cabecinhas.

“A luz é um tema maior da mensagem de Fátima, em todas as aparições há referencia à luz”, lembrou. Por seu turno, a Procissão do Silêncio é original de Fátima, e “resulta de um movimento funcional, reveste-se de um significado, enriquece com um convite a um silêncio orante”. “O silêncio neste ato não é vazio, mas é ocupado com uma oração pessoal e intima”, e surge no contexto da renovação do programa das Peregrinações Internacionais Aniversárias, no tempo do reitorado do Monsenhor Luciano Guerra, numa conjuntura em que havia uma reforma litúrgica em curso. Esta procissão é “marcante pela experiência do silêncio da multidão”, algo “característico de Fátima, até no dia-a-dia”, e recordou as visitas dos Papas a Fátima, que ficaram “profundamente marcadas pelo silêncio da multidão, por exemplo quando o Santo Padre chega à Capelinha e a multidão acompanha a oração do Papa em silêncio”.

“A visita ao Santuário de Fátima é convite ao silêncio num mundo ruidoso, e por outro lado é um grande desafio não se perder o silêncio neste lugar”, reiterou o sacerdote.

A Procissão do Adeus, “reconduz Imagem de Nossa Senhora para a Capelinha das Aparições, é último ato oficial, é um rito de despedida, mas fortemente marcado pela emotividade, saudade que é o que melhor caracteriza esta procissão”. O padre Carlos Cabecinhas considera que este ato “consagra a emotividade que tantas vezes é esquecida na celebração da fé”, e foi a partir de 1925 que começou a ritualizar-se uma procissão conclusiva. Atualmente a procissão do adeus, estendeu-se a todos os domingos, da Páscoa ao fim de outubro, sendo um rito de despedida dos peregrinos a Nossa Senhora, caracterizado pela emotividade.

548a2958.jpgAinda na primeira sessão, o diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima (DESF), Marco Daniel Duarte, deu a conhecer a “Capelinha das Aparições: do interior ao alargamento do espaço”.

O historiador falou da Capelinha das Aparições como “Lugar da memória”, e “Lugar do acontecimento”, pois esta construção é fruto da “Edificação popular”.

“Por ter sido construída a partir de um desejo que os Pastorinhos de Fátima asseguram ter sido transmitido pela Virgem Maria, pela iniciativa popular, este pequeno templo, de traça vernacular, é considerado o coração do Santuário de Fátima, e é ao seu redor que têm lugar as mais íntimas manifestações de fé dos peregrinos da Cova da Iria”, disse.

A Capelinha foi construída em 1919, dois anos depois das aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos videntes, e a primeira Missa foi celebrada a 13 de outubro 1921.

“É uma peça de origem popular, não é trabalhada em gabinete de arquitetura, mas tem uma força gravitacional e simbólica que ao longo de um século transporta dos mais diversos pontos do globo pessoas para a sua intimidade”, afirmou Marco Daniel Duarte

O diretor do Museu do Santuário de Fátima lembrou que na Capelinha das Aparições “viveram -se episódios de festividade”, mas também situações “muito controversas e muito complexas”, como aconteceu na noite de 5 para 6 de março de 1922, quando foi dinamitada.

Esta terceira edição do seminário Descodificar Fátima conta com participantes oriundos de Portugal, Brasil, Colômbia, Estados Unidos da América, Itália, Japão, Panamá, Polónia, Porto Rico, República Checa e Suíça. Entre os cerca de 200 formandos estão pessoas da área da Administração, Agronomia, Arquitetura, Arquivística, Biologia, Ciências Políticas, Ciências Religiosas, Ciências Sociais, Comunicação, Conservação e Restauro, Contabilidade, Direito, Ecologia, Economia, Educação, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia, Enologia, Filosofia, Geografia, Gestão de Recursos Humanos, Gestão, História da Arte, História, Informática, Jornalismo, Línguas e Literaturas Modernas, Marketing, Medicina, Multimédia, Museologia, Música, Pastoral, Psicologia, Saúde, Serviço Social, Teologia, Turismo, Urbanismo.

Na segunda sessão, marcada para dia 17 de janeiro, Sónia Vazão, do DESF, percorrerá aqueles que foram “Os dias de Jacinta Marto em Lisboa”, seguindo-se um programa iconográfico e iconológico sobre o sacrário da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, a cargo de Marco Daniel Duarte. No dia 24 de janeiro, uma síntese sobre o “Livro de honra do Santuário de Fátima”, apresentada por André Melícias, do DESF, abrirá a sessão do penúltimo dia, onde Marco Daniel Duarte também dará a conhecer a “Via-Sacra no Caminho dos Pastorinhos”. O último dia do seminário, a 31 de janeiro, debruçar-se-á sobre a “Conservação da Imagem de Nossa Senhora de Fátima”, numa apresentação que caberá a Ana Rita Santos, do Museu do Santuário de Fátima e sobre as “Memórias de Lúcia de Jesus: best-seller da literatura religiosa contemporânea”, pelo diretor do DESF, Marco Daniel Duarte.

 

 

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21 nov 2024

Rosário, na Capelinha das Aparições, e procissão das velas, no Recinto de Oração

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