10 de fevereiro, 2015
Vamos para o Céu
O cónego Emanuel Matos Silva, da diocese de Portalegre-Castelo-Branco, foi o terceiro conferencista a enriquecer a proposta de reflexão relacionada com o tema do corrente ano pastoral no Santuário de Fátima: “Santificados em Cristo”.
Esta terceira conferência, intitulada “«Vamos para o Céu». A santidade e a comunhão dos Santos”, teve lugar a 8 de fevereiro, na Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores, e foi largamente participada.
Destacámos alguns tópicos desta reflexão:
O cónego Emanuel Silva começou por incidir sobre a realidade do amor de Deus, já que, “a presença de Deus na nossa vida, a experiência do seu amor, o acolhimento da sua graça manifestados em tantos sinais, palavras, caminhos, e relações, são expressões desse puro e imenso dom que Deus é e que Deus faz de Si”.
E o que é a santidade? Para o conferencista, “a experiência da santidade pode ser descrita como o exercício de vencer o medo de fazer dom de si mesmo, é a experiência de vencer as próprias fronteiras que o chamado amor próprio às vezes cria e fomenta”.
“Santidade não se confunde com mero perfeccionismo humano. A santidade acontece sempre por participação e, por isso, na lógica do dom e da gratidão, na relação. Sendo perfeição, é sempre perfeição cristã e supõe luta de aperfeiçoamento. A única condição de possibilidade da santidade como vivência humana reside, pois, na abertura total ao dom incondicional de Deus e, particularmente, na configuração a Cristo, Aquele que Deus diz, mostra e entrega de Si”, afirmou.
O que é a comunhão dos santos? “É, particularmente, a experiência de nos darmos e nos recebermos, mútua e reciprocamente, a que chamarmos comunhão dos santos”, é “a comunhão de fé e de amor entre todos os crentes, comunhão que realiza uma solidariedade que lhes permite partilhar mutuamente tudo o que fazem de bem em virtude da graça de Cristo, em que cada um contribui para o bem de todos”.
“Santidade e comunhão dos santos exigem-se mutuamente. É impensável conceber uma sem a outra”, referiu o conferencista, sublinhando que “esta santidade e comunhão, na qual participam todos os batizados, realiza-se não só entre os crentes vivos na terra, que são a Igreja peregrina, mas também com todos os que já morreram e fazem parte da Igreja do Céu ou da Igreja da Purificação”.
Partindo da “hospitalidade” de que Jesus foi exemplo, nos seus gestos e palavras, o cónego Emanuel Silva apresentou “os dois traços que determinam a santidade de Jesus e dos que, como Ele, têm a graça de viver como filhos de Deus: o desapego de si e a capacidade de aprender com aqueles que encontra”.
O Céu é uma pessoa
Relacionado com as ideias de santidade e da comunhão dos Santos está a de Céu. Para o padre Emanuel Matos Silva, “o Céu não é apenas um lugar qualquer”. “O Céu é uma Pessoa, é uma relação, é um, estado. O estado a relação e a Pessoa que dá a vida em plenitude: Cristo”.
Deste modo, “o Céu será, então este modo e estado de comunhão perfeita com Deus e da alegria que daí deriva, modo de ser e estado para o qual somos criados. A vida eterna é participação nesta vida de Cristo”.
“O Céu é uma constante na mensagem de Fátima”, referiu o sacerdote que recordou vários momentos das aparições em que o Céu ora é uma realidade ora é uma promessa. No contexto da aparição de agosto de 1917, as palavras da Jacinta, quando os videntes se encontravam em Ourém – “Vamos para o Céu!” – podem ser entendidas de vários modos. No entendimento do padre Emanuel Silva podem ser lidas “como uma simples narração de algo que está a acontecer, como uma exclamação de alegria, como um convite aos companheiros de caminho, como uma motivação aos que hesitam em caminhar ou estão indecisos ou como uma expressão de contemplação”.
LeopolDina Simões
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