10 de novembro, 2014
Protocolo entre o Santuário de Fátima e a Liga dos Combatentes assinado a 7 de novembro "Neste vale de Lágrimas" Considerada uma das peças emblemáticas da participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, o “Cristo das Trincheiras”, propriedade da Liga dos Combatentes, integrará a próxima exposição temporária do Santuário de Fátima. A inaugurar às 14:30 de 29 de novembro, no Convivium de Santo Agostinho, na zona da Reconciliação da Basílica da Santíssima Trindade, a exposição intitular-se-á “Neste vale de Lágrimas” e terá como dois principais propósitos a evocação da aparição de agosto de 1917 e o período da Primeira Grande Guerra Mundial. O protocolo que possibilitará a presença em Fátima do “Cristo das Trincheiras”, exposto desde 1958 na sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, junto ao Túmulo do Soldado Desconhecido, foi assinado na passada sexta-feira, 7 de novembro, em Fátima, pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, e pelo presidente da Liga dos Combatentes, general Joaquim Chito Rodrigues. As duas entidades consideram, no âmbito do protocolo firmado, que a presença em Fátima do “Cristo das Trincheiras”, peça que deixará o Mosteiro de Santa Maria da Vitória pela primeira vez desde 1958, servirá “para a criação de momentos excecionais, que permitirão o conhecimento e o prazer espiritual de milhões de peregrinos e de combatentes”. A mostra terá como elemento aglutinador a aparição de agosto de 1917, ocorrida num contexto diferente das restantes aparições em Fátima. “Foi uma aparição muito sui generis, uma vez que quando os videntes se preparavam para vir para a Cova da Iria, para terem essa experiência com a Virgem Maria, foram levados para Vila Nova de Ourém, e isso pode ser a imagem do debate ideológico que ao tempo das aparições acontecia em Portugal no tempo da República, mas sem esquecer que o Mundo vivia um contexto ao nível global que era o da Primeira Grande Guerra, uma guerra mundial”, sublinha Marco Daniel Duarte. “A próxima exposição fará eco desses dois braços de um rio que confluía em Portugal, que é a questão da Primeira República e da dificuldade em fazer caminho no âmbito da fé e, por outro lado, desse contexto terrível que era o da Primeira Grande Guerra”, antecipa Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário e comissário da exposição. Em exposição encontrar-se-ão peças do espólio do Santuário de Fátima e algumas vindas de espólios particulares ou de outros museus. Neste sentido, colaboram com o Santuário de Fátima a Diocese de Viseu, através de uma irmandade e de uma paróquia, o Museu Nacional de Arte Antiga, que emprestará uma peça, a Câmara Municipal de Ourém, a Paróquia de Nossa Senhora da Piedade (Ourém) e a Liga dos Combatentes. A peça-chave da exposição será o “Cristo das Trincheiras”. “Não poderíamos passar ao lado desta instituição tão importante, que é a Liga dos Combatentes", refere Marco Daniel Duarte, sublinhando que quer a Liga dos Combatentes quer o Santuário de Fátima consideram o “Cristo das Trincheiras” como a peça mais emblemática, como aquela que melhor poderá ilustrar a participação de Portugal na Primeira Grande Guerra, daí a importância da sua inserção no percurso expositivo da exposição "Neste vale de lágrimas". "É uma peça que veio de França, que está mutilada e que é a imagem mais clara, daquilo que pode ser o contexto cristão em tempo de guerra”, diz Marco Daniel Duarte. Estarão em exposição outras peças que aludem a episódios da guerra. Uma delas será a escultura de Clara Meneres, de 1973. “Trata-se de uma obra que faz eco de um poema de Fernando Pessoa, intitulada ‘Jaz morto e arrefece o menino de sua Mãe’, uma peça de um soldado e que alude à Guerra Colonial, e, neste aspeto, uma peça também muito ligada ao imaginário de Fátima, pela dores e alegrias que aqui foram depositadas pelas mães dos soldados, pelas noivas dos soldados”. Marco Daniel Duarte refere a evocação da Primeira Guerra Mundial pretende, acima de tudo, sublinhar a premência da paz no Mundo: “Na última parte da exposição o visitante vai poder entender como é que a mensagem de Fátima entronca nestes cenários e qual é a resposta que a Virgem Maria aqui pede para se alcançar a paz: é a oração o rosário, bem o sabemos”. “A exposição terminará com esse tópico da oração do Rosário que nos conduz à paz de Cristo; a última sala vai falar-nos da paz de Cristo e de uma pagela que foi aqui distribuída em 1917, no dia 13 de outubro, e cuja invocação mariana era Regina Pacis ora pro nobis, Rainha da Paz, rogai por nós”, antecipa. LeopolDina Simões com Paula Dias/Renascença |