06 de março, 2022

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Tema do ano pastoral em análise no primeiro Encontro na Basílica de 2022

Na tarde deste domingo, o padre David Palatino apresentou uma exegese do versículo dos Atos dos Apóstolos que dá mote ao presente ano pastoral no Santuário de Fátima.

 

No primeiro Encontro na Basílica de 2021/22, o padre David Palatino apresentou uma exegese do versículo dos Atos dos Apóstolos: “Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!”, que alimenta a ação pastoral do Santuário de Fátima no presente ano pastoral. A apresentação decorreu na tarde deste domingo, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e terminou com um recital pelo quarteto de cordas Lusitanæ Ensemble.

O ordaor do encontro começou por apresentar a o episódio que apresenta a vocação de Paulo, que é narrada por três vezes no Novo Testamento, como “o grande acontecimento cristão depois do Mistério Pascal de Cristo”.

“Mais do que uma conversão, estamos diante da vocação de Paulo. Paulo autodefine-se como ‘apóstolo por vocação’. A sua vida e o seu empenho na difusão do evangelho só se compreendem a partir desta história de vocação. (…) Paulo não se converte ao cristianismo, mas a Cristo. Ele mantém-se judeu até ao fim”, esclareceu o sacerdote, que é docente na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

A partir das três narrativas que o Novo Testamento apresenta, o orador apresentou dois elementos sobre os quais o acontecimento converge: “a aparição do Ressuscitado com o respetivo diálogo” e “a missão paulina”, enumerando algumas características particulares a cada um dos três relatos: no primeiro, a “mediação da Igreja”, personificada no papel de Ananias; no segundo, o enfoque do projeto de Deus sobre Paulo; e, no terceiro, onde se insere o versículo que deu o mote à conferência, “o discurso de envio e evidencia a missão confiada pelo Ressuscitado a Paulo”.

Detendo-se sobre este último relato do acontecimento de Damasco e particularmente na expressão “Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!”, o padre David Palatino apresentou um paralelismo entre a missão de Paulo e a estrutura e a temática da missão dos Doze definida no Evangelho de Lucas, reforçando a constituição de Paulo como “ministro e testemunha de Cristo” e a sua origem divina.

“Aplicando a Paulo o mesmo modelo com o qual define a missão dos Doze, Lucas pretende dizer que tal como a dos Doze, a missão de Paulo tem origem direta em Cristo; que tal como os Doze, Paulo é ministro e testemunha imediata e acreditada da ressurreição de Cristo; que como aquela dos Doze, a missão de Paulo realiza uma tarefa que faz parte integrante do programa que as Escrituras atribuem ao Messias: anunciar a luz ao povo e às nações.”

O sacerdote aprofundou, de seguida, cada uma das palavras que constituem o versículo em análise, apresentando uma interpretação à luz das Escrituras, a partir das alusões à missão evangelizadora que é atribuída a Paulo.

“Em suma, o que está aqui em causa é a defesa do apostolado de Paulo, (…) que é constituído testemunha em favor de Jesus e, tal como os Doze, esse testemunho realiza-se na proclamação do mistério pascal da morte e ressurreição e na exortação de todos à fé naquele que morreu e ressuscitou dos mortos para a salvação do mundo.”

Na conclusão, a partir do versículo em análise, o orador deduziu como vocação primeira de Paulo a missão evangelizadora de ser “apóstolo dos gentios”.

“O Senhor chama Paulo para a difusão da Palavra de Deus, associando-o ao ministério apostólico dos Doze. Constituído ‘ministro e testemunha’ à maneira dos Doze e incumbido de levar a mensagem cristã ao povo judaico e às nações (At 26,23), Paulo obedece à visão celeste, anuncia a conversão primeiro aos de Damasco, depois em Jerusalém e em todas as cidades da Judeia, e por fim às nações. Paulo é, por isso, aquele que cumpre o programa teológico e geográfico de Jesus: ‘sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo’.”

Na segunda parte do encontro, o quarteto de cordas Lusitanæ Ensemble interpretou um programa eclético que fez ouvir na Basílica de Nossa Senhora do Rosário: o Ave Maria de Schubert; o Ave Maria de Gounod; a Ária na 4.ª corda de Bach; uma obra recentemente estreada pelo quarteto e, numa perspetiva de erudição de reportório mais ligeiro, o Hallelujah, de Leonard Cohen.

Este primeiro Encontro na Basílica sofreu aleterações de agenda, devido às contingências da pandemia, até se poder finalmente realizar este domingo. Para este ano estão previstos mais quatro Encontros na Basílica: a 8 de maio; a 5 de junho; a 4 de setembro e a 6 de novembro.

 

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