16 de agosto, 2008


 
No dia 19 de Agosto celebrou-se no Santuário de Fátima o aniversário da Quarta Aparição de Nossa Senhora a Francisco, Jacinta e Lúcia. A Eucaristia, às 11h00, celebrada na Basílica, foi presidida por D. Augusto César, Bispo Emérito de Portalegre-Castelo Branco.
De seguida a homilia de D. Augusto Cesar:
Em Deus, tudo é novo
Hoje, somos convidados a olhar para um novo céu e uma nova terra, onde não haverá morte e as lágrimas do sofrimento serão enxugadas por Deus. É o deslumbramento da felicidade que não tem fim…e onde cada um se sente atraído por Aquele que é tudo em todos.
Quase sem querer, o pensamento leva-nos à Transfiguração do Tabor, onde os três discípulos se esquecem de si mesmos e apenas desejam ficar ali (“façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”…e isto basta!). Mas a luz que os deslumbra, aponta para a Ressurreição. E, aí, tudo será novo e para sempre.
Também, neste lugar, onde nos sentimos peregrinos, ouvimos dizer assim, aos Pastorinhos: ai, que Senhora tão linda…mais brilhante do que o sol! E donde veio? Do céu!
Então, o céu faz-nos apetecer um mundo sem guerra, sem desconfiança, sem cabeças encapuçadas e a fumaça das armas…E, também, um mundo onde a inocência das crianças grita pela vida e pede que se respeitem os velhinhos e os doentes, e se saiba evitar a ostentação, olhando compadecidamente para os pobres. Será, por isso, que a Jacinta, o Francisco e a Lúcia rezavam o Terço com frequência e se sacrificavam pelos pecadores? De facto, não há fé sem oração e sem solidariedade fraterna. De tudo isso fala eloquentemente o Pai Nosso!
Mas, rezar a Deus o ‘Pai Nosso’, não será ‘ousadia’ da nossa parte? Assim dizemos na Missa e o vamos repetir daqui a pouco. Na realidade, Deus mostrou-se tão próximo, em Jesus Cristo, que se tornou Deus-connosco. E, a partir daí, atraiu-nos como filhos, no Filho, e é com Ele que rezamos. Por isso, diz também o Apocalipse que, no ‘mundo novo’, Deus mora entre os homens e todos serão o Seu povo. Porquê, então, encher o coração de ganância ou desafiar o bem senso com a arrogância dos ídolos? Demo-nos, antes, as mãos e façamos do tempo o ensaio da eternidade.
Com Maria, sentimos a ternura de Deus
Entretanto, oiçamos de Jesus uma palavra cheia de conforto, dita momentos antes de expirar: a Minha mãe é, também, a vossa mãe! E tanto Maria como João, entenderam isso mesmo e transmitiram-no à Igreja. De facto, o sofrimento da Cruz, tão intimamente partilhado com Maria, deu origem ao novo parto, donde nasceu a Igreja. E o baptismo fala disso, como ‘sacramento’.
S. Paulo vai usar uma imagem curiosa, para traduzir este mistério: a do Corpo Místico. Com efeito, sendo nós os membros e Cristo a cabeça, Maria é única Mãe, e podemos rezar em coro: Mãe de Jesus e Mãe nossa! Também, o Anjo, na Anunciação, deixou antever o percurso de Maria, como pedagoga da fé: “Cheia de graça”! Ora, a vida sacramental ‘derrama’ na Igreja a graça de Deus, gerada na Cruz e através da maternidade espiritual de Maria. E se temos, hoje, alguma coisa a lamentar, é que muitos cristãos se dispensam dos Sacramentos, como se os gestos salvíficos de Cristo fossem secundários e a sua preparação incómoda e dispensável. Todavia, cada Sacramento é um gesto de ‘vida’ comunicado com esperança, à conta do mundo novo ou, se quisermos, do Reino dos céus, anunciado por Cristo. E o discipulado por onde Cristo nos atrai, é a ‘escola’ que seduz pelo caminho da santidade (“Sede santos, como o vosso Pai do céu é santo”) ou corrige os nossos actos pela vontade do Pai (“Pai, qual é a Tua vontade”?). Nesta perspectiva, a Mãe de Jesus, cedo se tornou Sua discípula. E mal vai se os pais abdicam da sua missão ou nada têm a aprender com os filhos. Pois, o amor da família, com matriz Trinitária, é circular e construtivo de mais amor; e quando interrompe o movimento ou pretende ser autónomo, gera crise e sofrimento. Basta ter em conta as crianças repartidas ao fim de semana ou confrontadas com a frieza da rua.
O céu nunca desiste
É por isso que vem muito a propósito convidar-vos a acompanhar os três Pastorinho na cadeia de Ourém, quando o Administrador os subtraiu à autoridade dos pais e à vontade de Nossa Senhora (era o dia 13 de Agosto!). A Jacinta (mais pequenina dos três), chora com saudades da mãe e da família em geral; o Francisco reza e sofre, para que ela seja forte; e a Lúcia olha para os dois, com a responsabilidade de ser mais velha. Mas a angústia maior, era se Nossa Senhora não lhes aparecia mais! Simplesmente, o céu não desiste e Nossa Senhora é mãe.
Passemos ao dia 19 (cujo aniversário hoje celebramos). Os três Pastorinhos haviam regressado…e a Lúcia mais o Francisco guardavam as ovelhas relativamente perto de suas casas. A dado momento, pressentem algo de sobrenatural que os envolvia, como nas outras vezes, em que Nossa Senhora lhes aparecia. E com pena da Jacinta, quiseram chamá-la depressa, valendo-se, para isso, do João (irmãozito dos dois mais pequenos), a quem foi preciso dar dois vinténs, para o convencer. Viram, então, o acostumado reflexo da luz e, logo que a Jacinta chegou, Nossa Senhora apareceu sobre uma carrasqueira (exactamente, onde agora se encontra a Sua imagem, em nicho próprio). E, de novo, a pergunta ritual da Lúcia: “Vossemecê que me quer”? A seguir, transcrevo as palavras de Nossa Senhora, de acordo com as Memórias da Lúcia, para ser fiel ao conteúdo da Mensagem: “Quero que continueis a ir à Cova de Iria, no dia 13, e que continueis a rezar o Terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem”. Lúcia ainda perguntou que destino haviam de dar ao dinheiro deixado pelas pessoas, na Cova de Iria…e pediu a cura de alguns doentes, a rogo de outras pessoas. No fim de tudo, Nossa Senhora tomando um semblante mais triste, acrescentou: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas”. E os Pastorinhos tomaram tão a sério as palavras da Mãe do céu, que fizeram das suas vidas uma oblação constante.
Acaso o exemplo destes pequeninos não tocará o coração de muita gente, inspirando formas de reparação pelo mundo dos que andam distraídos do essencial e pouco se dão do sofrimento alheio? Consentiremos que o egoísmo do tempo tome a dianteira ao amor, e encha de capricho e medo os ambientes? A cada passo, oiço pedir-me: reze por mim, que as minhas orações são pobrezinhas e as suas estão mais perto de Deus…E eu, antes de responder, lembro o velho Simeão e a velha Ana, como vigias de Deus à espera do Messias,  que do lado de fora do Templo, viram o que o sacerdote mesmo paramentado e em missão de culto, não viu; e, depois, acrescento: a oração não se mede assim…Rezemos, antes, uns pelos outros, e façamo-lo em cadeia, para que o murmúrio do Pai Nosso, faça do mundo uma basílica e dos homens uma assembleia de irmãos!
Que a mensagem de Nossa Senhora continue a inquietar as pessoas, a fim de que o mundo não teime em ficar órfão de Deus. Pois, quando assim acontece, há mais orfandade pelo caminho e a paz fica distante.
Nossa Senhora de Fátima e mãe da Igreja, rogai por nós!
                                      
  Fátima, 19 de Agosto de 2008  -  (+ Augusto César)


 
Aniversário da Quarta Aparição de Nossa Senhora
A 19 de Agosto de 1917, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13 as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.
Em Vila Nova de Ourém, os Três Pastorinhos foram submetidos a múltiplos interrogatórios e ameaçados com violentos castigos. Por fim, foram entregues aos pais. 
No Domingo seguinte, 19 de Agosto, Nossa Senhora apareceu-lhes nos Valinhos e pediu-lhes que continuassem a ir à Cova da Iria no dia 13 e que rezassem o terço todos os dias.
"Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas", disse Nossa Senhora.  

O programa para a Peregrinação deste ano é o seguinte:
11:00 - Missa internacional, na Basílica.
21:30 - Rosário e procissão, aos Valinhos, com início na Capelinha (levar pilhas eléctricas em vez de velas).
22:00 - Rosário, na Capelinha (para os peregrinos que não podem ir aos Valinhos).
O actual monumento celebrativo desta aparição (na foto acima) foi construído a expensas dos católicos húngaros e inaugurado a 12 de Agosto de 1956.
A branca imagem de Nossa Senhora de Fátima é obra da escultora Maria Amélia Carvalheira da Silva.
 

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