13 de setembro, 2020
D. Manuel Pelino deixa apelo insistente à reconciliação, com vista à fraternidadePerspetivando vocação cristã à santidade, o presidente da Peregrinação Internacional de Setembro exortou os peregrinos a “alicerçar a convivência fraterna nas comunidades” pelo perdão.
A reconciliação foi o tema central da reflexão que o bispo emérito de Santarém apresentou aos peregrinos, na homilia da Missa da Peregrinação Internacional Aniversária de Setembro, esta manhã, na Cova da Iria. A partir da Palavra proclamada neste XXIV Domingo do tempo Comum, que apresenta o perdão constante como atitude essencial do cristão, o prelado começou por assumir a dificuldade deste gesto e as cisões que a sua falta pode criar no seio das comunidades. “Toda a pessoa é minha irmã ou meu irmão: o cônjuge, os familiares, os amigos, os mais frágeis e desvalidos. (…) Para formar comunidade precisam de se perdoar mutuamente e constantemente. (…) O perdão tem de estar sempre presente porque as ofensas, as palavras e atitudes que magoam, as vaidades e invejas que dividem, o azedume das más disposições, estão enraizados no coração humano e residem permanentemente na comunidade, como residem na família, nos grupos e na sociedade em geral”, afirmou. Ao apresentar as crianças como exemplo de simplicidade e humildade no caminho da reconciliação, D. Manuel Pelino perspetivou o acolhimento, a reintegração e a “pedagogia da correção fraterna” como ações fundamentais para o perdão. “Somos, verdadeiramente, um povo de pecadores, mas não esquecemos a nossa vocação à santidade. (…) O perdão alicerça a convivência fraterna na comunidade e aproxima-nos de Deus, levando-nos a amar como Ele nos ama. Orienta-nos, assim, para uma existência reconciliada e faz resplandecer mais claramente, na nossa vida e na da Igreja, a misericórdia e a graça de Deus”, concluiu, lembrando o apelo à oração e penitência pela concórdia e pela paz que Nossa Senhora deixou aos Pastorinhos, em Fátima.
“Um mundo onde não há o perdão é um mundo perdido…”A concelebrar a Missa deste domingo esteve o bispo de Leiria-Fátima, cardeal D. António Marto, que, numa mensagem no final da celebração, sublinhou o apelo à prática de “fraternidade, reconciliação e a paz” deixado pelo bispo emérito de Santarém. “Um mundo onde não há o perdão é um mundo perdido… Uma família onde não se cultiva o perdão é uma família perdida… Uma comunidade cristã onde não há perdão é uma sociedade perdida”, alertou o bispo de Leiria-Fátima. Antecipando a semana que marca o início do ano lectivo, o prelado deixou uma mensagem particular aos mais novos para que, neste regresso, cumpram as regras de segurança que lhes forem indicadas, no âmbito da pandemia do novo coronavírus. D. António Marto lembrou também as vítimas da COVID19 e dirigiu uma palavra de conforto aos doentes, idosos e aos que vivem sós. No plano internacional, o cardeal português lembrou o "povo martirizado" do Líbano e os refugiados do campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos, onde um incêndio agudizou as condições de vida. Por ambos, o prelado pediu à assembleia uma oração em silêncio.
Peregrinos regressam à Cova da Iria em segurançaEsta foi a grande peregrinação deste ano mais participada por peregrinos na Cova da Iria. Pela primeira vez, o Santuário de Fátima viu-se obrigado a encerrar as entradas, a meio da celebração, pondo em prática o plano criado no âmbito da pandemia da COVID19, que prevê uma ocupação segura para o Recinto de Oração. Durante a celebração, foram deixados apelos constantes para o cumprimento das regras de distanciamento social, chamadas de atenção que foram bem recebidas pela multidão de peregrinos, que se dispersou pelo extenso Recinto de Oração. Para além dos participantes na 6ª Peregrinação da Comunidade Surda, que decorre este fim de semana, fizeram-se anunciar nove grupos nacionais, um de França, quatro de Espanha, dois de Itália e um da Polónia. |
FOTO: O andor com a Imagem de Nossa Senhora, transportado por funcionários do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
