25 de maio, 2012
O segredo da vida está em dar
Na manhã de 13 de junho em Fátima, durante a eucaristia da peregrinação aniversária, rezou-se “por aqueles que têm dificuldades em dar um sentido ao viver e ao morrer, para que redescubram em Cristo, vencedor da morte, uma razão para readquirirem a esperança”.
Uma outra intenção de oração lembrou “aqueles que se encontram em situação de pecado e experimentam o malogro da sua viva”. Orou-se “para que não desesperem da misericórdia de Deus e do acolhimento da Igreja”.
D. José Manuel Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, presidiu a esta peregrinação, que fez memória da segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, a 13 de junho de 1917. Concelebraram na missa do dia 13 D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; D. Miguel Sebastião, missionário comboniano bispo de Lai, Chade (América Central), e 106 sacerdotes.
Nas suas palavras aos peregrinos e com base no tema da peregrinação - “Que devo fazer para ter a vida eterna?” - D. José Cordeiro sublinhou a importância da doação pessoal a Deus.
“Quem se oferece a Deus, dá-se necessariamente aos outros. Dar a vida é oferecer o segredo da própria vida. Este é o segredo que aprendemos de Jesus Cristo – a vida é dom – que o segredo da vida é dar. Cada pessoa, para estar bem, deve dar. É urgente uma cultura do dar, porque esta é a lei da vida. É assim que Deus faz.”, disse.
Para D. José Cordeiro, quem não dá vida “fica doente”. Citando as palavras de Santo Agostinho, o prelado disse: “Se não dás amor o teu coração envelhece e um vazio entra em ti. A vida é vocação para o Amor. «Não há ninguém que não ame; a questão está em saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, exortados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. Mas que podemos nós escolher, se antes não somos escolhidos?» (St. Agostinho, Sermão 34). A felicidade tem muito que ver com o dom”.
Participaram na celebração, alguns milhares de peregrinos. Junto do Serviço de Peregrinos, 35 grupos anunciaram-se como participantes nas celebrações. Eram oriundos de 14 países, designadamente, Portugal (2 grupos), Alemanha (5), Austrália, Áustria, Bélgica, Espanha (5), Filipinas, França, Irlanda, Itália (6), Polónia (4), Reino Unido (4), Singapura, Venezuela.
A todos, D. José Cordeiro lembrou também a importância da mensagem de Fátima: “as aparições de Fátima não são a ampliação da Revelação, mas constituem uma clarificação do querer divino na situação histórica do nosso tempo”.
Por ser especialmente marcante nesta mensagem, o bispo de Bragança-Miranda lembrou que “a devoção ao Imaculado Coração de Maria converge para o centro do mistério da Redenção, ou seja, no coração do Redentor morto na Cruz. Neste mistério de graça e de misericórdia, a redenção é maior que o pecado do mundo, como foi repetidamente dito na mensagem de Fátima. O chamamento materno à penitência e à conversão é expressão do mesmo e único mistério pascal de Cristo”.
Ainda sobre Nossa Senhora, D. José Cordeiro apontou Maria como exemplo de acolhimento à palavra de Deus: “(Maria) Aprendeu a esperar. Esperou com confiança no nascimento do seu filho. Perseverou no acreditar na palavra do mensageiro de Deus. Esperou contra toda a esperança aos pés da Cruz, até ao sepulcro. Viveu o Sábado Santo, infundindo esperança e consolação aos discípulos desiludidos”.
Palavra aos doentes
Um momento sempre emotivo e aguardado nesta eucaristia é a bênção dos doentes, por ocasião da adoração e bênção eucarística. Na missa do dia 13, falou aos doentes a religiosa italiana Michela Niro, da congregação dos Silenciosos Operários da Cruz.
Na sua exortação, a Irmã Michela, portadora de deficiência física, quis exprimir a Deus “o desejo e a sede de vida, de amor, de felicidade e de alegria plena que cada homem, cada um de nós, sente no profundo do seu coração”.
Através da sua mensagem, a religiosa deixou uma interrogação: “Quando fazemos experiência da morte, que inevitavelmente põe fim à nossa vida terrena, damos conta que sem a perspectiva da vida eterna, tudo perde o seu valor: ao fim de cada existência, de facto, também a vida mais rica, mais satisfeita, a mais bonita, existe sempre a morte. E vem-nos ainda a pergunta: Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”.
A resposta, considera, está na própria vida de Jesus: “Pelo amor com o qual nos amastes até oferecer a tua vida no sacrifício da Cruz, salvastes todos nós e mostraste-nos assim a via que nos leva à vida eterna: o dom total, a oferta de si mesmos a Deus e aos irmãos”.
LeopolDina Simões
ARQUIVO (Anúncio da Peregrinação):
Peregrinação de junho será presidida pelo Bispo de Bragança-Miranda
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