11 de março, 2015
“Chama-se Jacinta de Jesus, tem sete anos de idade… Bastante alta para a sua idade, um pouco delgada sem se poder dizer magra, de rosto bem proporcionado, tez morena, modestamente vestida, descendo-lhe a saia até à altura dos artelhos, o seu aspeto é o de uma criança saudável, acusando perfeita normalidade no seu todo físico e moral. Surpreendida com a presença de pessoas estranhas, que me tinham acompanhado e não esperava encontrar, a princípio mostra um grande embaraço, respondendo com monossílabos e num tom de voz quase impercetível às perguntas que lhe dirijo”. É desta forma que o Cónego Formigão caracteriza Jacinta, no momento em que vai interrogar os pastorinhos. Uma criança normal para a sua idade. Porém, a sua normalidade foi tocada pelo divino com as aparições de Nossa Senhora, que mudaram a sua vida para sempre. Embora tenha vivido poucos anos, apenas 10, a sua vida foi um exemplo de compaixão pelos outros. Antes das aparições, no entanto, como refere Lúcia nas suas memórias, tinha um caráter demasiado melindroso, o que tornava para Lúcia a sua companhia bastante antipática. Após as aparições de Nossa Senhora, Jacinta descentrou-se totalmente e a sua maior preocupação foi a de oferecer sacrifícios para salvar as almas do Inferno: “Tenho tantas dores no peito! Mas não digo nada; sofro pela conversão dos pecadores.” No seu 105º Aniversário, fazemos memória daquela que foi a primeira apóstola de Fátima. Foi precisamente a Jacinta que provocou a divulgação dos acontecimentos de Fátima: “No dia 12 de setembro de 1935 eram transladados, do cemitério de Vila Nova de Ourém para o de Fátima, os restos mortais da Jacinta. Nesta ocasião, tiraram-se diversas fotografias ao cadáver; algumas delas foram enviadas pelo Sr. Bispo à Irmã Lúcia que, então, se encontrava em Pontevedra. Agradecendo essa lembrança, com data de 17 de novembro de 1935, entre outras coisas, Lúcia dizia: «Agradeço reconhecidíssima as fotografias. Quanto as estimo, não posso dizer. Em especial à da Jacinta eu queria, mesmo à fotografia, tirar aqueles panos que a cobrem, para vê-la toda; estava como numa impaciência de descobrir o rosto do cadáver, sem me dar conta de que era um retrato; estava meio abstrata, tal era a minha alegria de voltar a ver a mais íntima amiga de criança. Tenho esperança de que o Senhor, para glória da Santíssima Virgem, lhe concederá a auréola da santidade. Ela era uma criança só de anos. No demais, sabia já praticar a virtude e mostrar a Deus e à Santíssima Virgem o seu amor, pela prática do sacrifício…» Estas recordações tão vivas de Lúcia sobre a sua primita Jacinta induziram o Sr. Bispo a mandar-lhe escrever tudo o que se recordasse dela.” Foi desta forma que nasceram as Memórias da Irmã Lúcia, através das quais temos acesso à história das aparições. Sandra Dantas |