01 de maio, 2013
Na jornada em que se comemora o Dia do Trabalhador e em que a Igreja celebra, mais recentente, a memória litúrgica de S. José Operário, padroeiro dos trabalhadores, o reitor do Santuário de Fátima refletiu sobre a dignidade do trabalho humano.
Perante as dificuldades, o padre Carlos Cabecinhas é peremptório: os dramas atuais do mundo laboral “não nos podem deixar indiferentes, como aliás também não podem deixar indiferentes os que têm responsabilidades políticas”, isto por serem situações “com consequências graves a nível pessoal, familiar e social”.
“Esta reflexão não nos pode fazer esquecer das dificuldades do momento presente, em que tantas pessoas vivem o drama do desemprego, que em Portugal atinge proporções assustadoras; do drama dos salários em atraso que privam tantos trabalhadores dos meios de subsistência a que têm direito”, afirmou durante a Eucaristia internacional a que presidiu esta manhã no Santuário de Fátima.
O sacerdote lembrou igualmente “o drama de tantos trabalhadores obrigados a aceitar condições de trabalho precárias e pouco dignas”, e aqueles "que são vítimas de exploração e que se vêm privados dos seus direitos legítimos". Todas estas situações, considera, "ofendem a dignidade humana”.
Referindo-se à audiência pontifícia realizada esta manhã no Vaticano, o padre Carlos Cabecinhas reiterou as palavras do Papa Francisco para recordar “que o trabalho está ao serviço da dignidade da pessoa e não o contrário”, isto porque, quando se verifica a inversão deste princípio, “o trabalho deixa de ser fonte de libertação e realização e torna-se escravidão que não dignifica o trabalhador”.
Na mesma homilia, o reitor do Santuário de Fátima lembrou a importância para os cristãos da celebração da memória litúrgica de São José Operário: “(esta celebração) pretende ajudar-nos a viver este dia do trabalhador numa perspetiva cristã. S. José, um humilde trabalhador de Nazaré é-nos apresentado como figura exemplar que nos mostra a dignidade do trabalho humano; ao mesmo tempo, é-nos apresentado como intercessor junto de Deus por todos os trabalhadores”.
“Também Jesus foi carpinteiro, o filho de Deus assumiu assim esta condição de trabalhador. Por isso, também o trabalho foi acolhido no mistério da Encarnação, tal como foi particularmente redimido no mistério da Redenção. (…) Trabalhando ao lado de Jesus, S. José aproximou o trabalho humano da redenção operada por Cristo, pela salvação que nos trouxe”, disse o reitor acrescentando que o “trabalho é caminho de santificação e de realização pessoal”.
Cada pessoa “colabora na obra do criador”, ao dar “o seu pequeno contributo para a transformação do mundo” e “para a realização do projeto de Deus na história”.
“O nosso trabalho, seja ele qual for, une-nos a Cristo, filho do carpinteiro”, disse o reitor lembrando as palavras de S. Paulo: “Servi a Cristo, que é o Senhor”.
LeopolDina Simões
Fotografia: Estátua de S. José, na Capela de S. José, no antuário de Fátima. |