Papa sublinha importância da misericórdia na Mensagem de Fátima
Numa mensagem enviada ao IV Congresso Eucarístico Nacional desafia os participantes a aproveitarem este momento para a preparação do centenário das aparições da “Rainha da Paz” em Fátima
O Papa Francisco desafiou os participantes no IV Congresso Eucarístico Nacional, que começou hoje em Fátima, a aproveitarem este momento para refletir sobre a misericórdia a partir da Mensagem de Fátima e a preparar “um acontecimento da maior importância” isto é, “a comemoração dos cem anos das aparições da Rainha da Paz, em Fátima”.
Na carta de nomeação do enviado especial para o evento lida pelo secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, pe Manuel Barbosa, Francisco, citando a Encíclica Laudato Si, lembra que vivemos num mundo marcado “pelo antropocentrismo desordenado”.
“Nesta nossa época, em que um antropocentrismo desordenado gera um estilo de vida desordenado, não deveria surpreender que, juntamente com a omnipresença do paradigma tecnocrático se adore o poder humano sem limites”, refere a missiva.
O Santo Padre escreve, ainda, que perante este cenário “os homens têm necessidade da adoração verdadeira e humilde, feita diante do Santíssimo sacramento”.
“Aos homens, atribulados por tantas e tão grandes angústias, a Igreja mostra continuamente o caminho da salvação e oferece às almas o pão deliciosos e a bebida salutar, remédio da imortalidade, instituído pelo Senhor Jesus na Última Ceia”, destaca ainda o Papa, acrescentando que é preciso implorar a misericórdia divina para os homens deste século.
A mensagem conclui-se com um apelo “ao culto constante da Eucaristia”.
Na sessão de abertura deste Congresso, que reúne mais de 750 participantes no Centro Pastoral de Paulo VI, o cardeal patriarca de Lisboa destacou que Fátima, Eucaristia e Misericórdia “se requerem reciprocamente”.
Insistindo uma vez mais na atualidade e na importância da Mensagem de Fátima, dado o seu conteúdo evangélico, D. Manuel Clemente lembrou a história dos pastorinhos que “foram convidados a uma participação eucarística total acedendo a Cristo e à sua misericórdia para reparar uma humanidade tão afastada de Deus como de si própria”.
Por isso, diz a “compreensão da mensagem de Fátima só acontecerá quando nos colocarmos do lado da misericórdia divina, seguindo o exemplo dos pastorinhos: dando a vida, como Jesus, para remissão dos pecados”.
Referindo-se ainda à mensagem de Fátima, o Cardeal português lembrou que na Cova da iria se “passaram acontecimentos com uma tal densidade que podendo ser pensados têm muito mais que ser rezados, como quem respira no Céu o que na terra não cabe”.
E, esta “é a primeira lição ou marca evangélica de Fátima: as coisas mais importantes acontecem na maior das humildades”.
Já D. António Marto destacou a importância do sacramento da Eucaristia, como “um mistério admirável de graça e da misericórdia”.
“Uma igreja que celebra a Eucaristia como um movimento de condescendência, misericórdia e entrega de Deus à história, deixando-se assumir por ela, descobre-a como uma introdução num outro movimento correspondente ou seja a partir da Eucaristia esta igreja vai ao encontro de misericórdia e solidariedade com todos os homens”, referiu o bispo de Leiria-Fátima, a diocese anfitriã deste Congresso Eucarístico Nacional.
O prelado recordou que “só assim se responde à missão e ao mandado do Senhor: Fazei isto em memória de Mim”. Por isso, acrescenta, “A igreja tem de ler, de forma permanente, a sua forma de se relacionar com o mundo e de atuar sobre ele para saber se está vivendo uma existência eucaristicamente configurada”.
O IV Congresso Eucarístico arrancou esta sexta feira em Fátima e durante os próximos três dias irá debater a Eucaristia como fonte de Misericórdia.
O representante do Papa neste Congresso é o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz, natural do Brasil. O Pontífice argentino designou ainda como membros da Missão Pontificia o reitor do Santuário de Fátima, Pe Carlos Cabecinhas e o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, Pe Manuel Barbosa.
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